Colaboradores endividados. O que fazer?
Não há controvérsia de que os colaboradores são as peças fundamentais de qualquer empresa ou negócio. Mantê-los motivados e alinhados com os objetivos da organização é um grande desafio para a liderança, pois cada funcionário traz consigo diferentes características, histórias de vida e costumes e, desta forma, devem ser estimulados de diferentes maneiras. Além desse desafio, a gestão precisa entender que há razões da porta para fora que podem interferir momentaneamente na motivação e produtividade de seus colaboradores. Ter conhecimento das situações externas e momento de seus colaboradores é fundamental para que a liderança construa um plano de ação para renovar as energias e retomar a produtividade dos membros de sua equipe.
Um dos principais fatores externos que podem ocasionar a desmotivação e baixa produtividade dos colaboradores é o endividamento.
O endividamento traz preocupação, insônia, insegurança, medo e consequentemente reduz o nível de produção de qualquer pessoa.
Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em 2019, 64,8% das famílias brasileiras estavam endividadas. Ou seja, quase 07 em cada 10 brasileiros estavam com a renda comprometida com dívidas. Então, é muito provável que o perfil dos colaboradores de sua empresa seja de endividados. Pensando nisso, preparamos algumas dicas de ações que podem ser tomadas para ajudar seus colaboradores na redução do endividamento.
1. Ofereça conhecimento de finanças pessoais à sua empresa
Contrate um especialista, um economista ou até mesmo convide um membro da área de finanças da sua empresa para dar palestras aos colaboradores sobre finanças pessoais.
O conhecimento adquirido é uma poderosa ferramenta na mudança de comportamento. A maioria das pessoas não reserva um momento para colocar no papel todos os seus gastos, inclusive os pequenos gastos (como pão na padaria, o lanche comprado no meio do expediente, o cigarro, as comprinhas do almoço em lojas próximas ao trabalho), além disso, outra causa raiz do endividamento é o uso inconsciente do cartão de crédito.
Levar o olhar de um especialista na área de finanças pessoais fará com que seus colaboradores entendam o impacto de suas atitudes e escolhas.
2. Dê voz ao colaborador
Ouça de maneira genuína o que seu colaborador tem a dizer. Muitas vezes a causa do endividamento está associada à um estado emocional ou um momento específico de dificuldade em sua vida pessoal e familiar.
Trabalhe em parceria com o RH da sua empresa para apoiar psicologicamente o colaborador a enfrentar esse momento. Contudo, se a situação estiver fora do alcance da empresa, ofereça alguma orientação.
3. Não dê crédito, dê benefícios
Oferecer o crédito consignado é um excelente benefício ao colaborador, frente às demais linhas de crédito disponíveis no mercado financeiro e nos balcões dos bancos. Embora seja um ato positivo da empresa, os colaboradores precisam ter ciência de que é um recurso que deve ser usado em caso extremo, pontual e emergencial.
Através do treinamento em finanças pessoais, a empresa pode estimular e conscientizar seus colaboradores à constituírem uma reserva de emergência, para que os imprevistos possam ser previstos. E isso deixará seus funcionários bem mais tranquilos em relação à vida financeira.
Deste modo, o ideal é que a empresa ofereça benefícios aos seus colaboradores, como: previdência privada com condições vantajosas de mercado, plano médico, plano odontológico, vale refeição com valores compatíveis com a região, programas de qualidade de vida, bônus, gratificações e políticas de participação nos lucros da empresa.
4. Ofereça Programas de Qualidade de Vida
O principal fator que leva ao mau comportamento financeiro está associado com as emoções. Então, é importante que a empresa ofereça programas de qualidade de vida que incentive a prática de atividades físicas, a boa alimentação e os bons hábitos.
Ah, para os chefinhos de plantão, cuidado com a sobrecarga de trabalho dos colaboradores, pois não há relação direta em aumento de produtividade sobrecarregando os colaboradores até que eles espanem de exaustão. Inclusive, a sobrecarga excessiva de trabalho pode levá-lo ao desequilíbrio psicológico e disparar gatilhos emocionais que leve o colaborador ao gasto excessivo. E para justificar essa situação eles usam a seguinte expressão: "Eu trabalho tanto, mereço comprar.....".
O importante nisso tudo é entender que a situação de endividamento está relacionada à um contexto individual e precisa ser compreendida pela organização. A verdade é que ninguém gosta de estar endividado. Porém, a saída dessa situação dependerá única e exclusivamente do autoesforço do colaborador em aceitar o apoio dado pela empresa e mudar seus hábitos e comportamentos relativos ao uso do dinheiro.
Camilla Magrini, economista, mestre em Economia Política pela PUC-SP, com experiência de 16 anos em finanças empresarial e sócia fundadora da CR Moving