Períodos de vaca magra exigem mais do que nunca planejamento com visão de longo prazo
Em períodos de vacas magras como o que estamos vivendo, economia com crescimento pífio de 1,3% no ano de 2018, taxa de juros (Selic) com projeções indicando alta em 2019 (7,5% a.a.), para conter a aceleração inflacionária ocorrida no ano anterior, taxa de câmbio projetada de R$ 3,80/US$, combinado às novas promessas políticas (que prefiro não entrar nesse mérito), é muito comum surgir a insegurança e a dúvida em relação ao rumo das organizações.
Há muitos fatores que podem influenciar esse rumo. Entre eles estão: o segmento de atuação, o tamanho e potencial desse mercado, a saúde financeira da organização, o nível de investimento, principalmente em fatores tecnológicos e capital humano, a marca, as bases de sua cultura organizacional e as expectativas quanto ao futuro.
Diante de todas essas condições é essencial avaliar a sensibilidade que esses fatores exercem sobre a organização e manter uma visão de longo prazo ao realizar as projeções e o planejamento das estratégias.
Para a organização sobreviver em um mundo de "seleção natural de Darwin" é necessário olhar além do universo que a cerca e de forma atemporal. A capacidade de se reinventar diante de tantas mudanças tecnológicas e de hábitos da população deve ganhar maior dinamismo, senão a sobrevivência estará em risco.
Garantir uma cultura organizacional alinhada com os padrões e hábitos atuais é primordial. É estratégico. Além de valores bem estabelecidos.
Estamos em uma era com tamanho dinamismo que um business plan já nasce morto! Desta forma, as projeções financeiras de longo prazo devem ser revistas a todo instante (sugiro trimestralmente), incorporando como elemento principal os novos modelos tecnológicos e as oportunidades que eles geram de aprimorar a oferta, atender às novas demandas e consequentemente aumentar o marketshare e a rentabilidade dos negócios.
Neste cenário, a participação do conselho de administração se faz fundamental. Sua participação deve ser firme e capaz de promover debates que direcionem as tomadas de decisões à estratégia de longo prazo dos negócios. E como consequência, devem proteger o patrimônio da organização e maximizar o retorno sobre seus investimentos.
No processo de planejamento estratégico, uma das chaves de sucesso está na criteriosa avaliação dos investimentos em projetos. Para isso, há diversas ferramentas que podem ser utilizadas para uma boa avaliação. São elas: Payback, VPL, TIR, ROI. Cada uma delas têm suas vantagens e desvantagens que não entrarei no mérito nesse artigo. O importante é encontrar o melhor método de avaliação e partir para os cálculos! Não se esqueça que reavaliações deverão ser feitas de tempos em tempos para garantir que o rumo está certo!
Em resumo, o sucesso de uma organização em tempos de vacas magras está na capacidade de se reinventar, acompanhando os novos modelos tecnológicos e os novos hábitos de vida das pessoas. O tempo de resposta às mudanças deve se dar de forma rápida, para que a organização saia na frente e nade por um tempo na maré de altas taxas de lucro, até que o efeito manada leve novas organizações até o mesmo ponto.
Camilla Magrini, economista, mestre em Economia Política pela PUC-SP, com experiência de 16 anos em finanças empresarial e sócia fundadora da CR Moving